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terça-feira, 27 de junho de 2017

Curso Prático de Latim - Parte 9 - Palavras Parissílabas e Palavras Imparissílabas

A terceira declinação latina, cujo genitivo singular é -is, apresenta como dificuldade para o estudante do latim a imensa quantidade de palavras no nominativo, por isso é desnecessário querer sabê-las como fazemos com a primeira e segunda declinação. Além desse fato, há também o modo como descobrimos o genitivo plural dessa declinação.

Palavras parissílabas -  são aquelas que apresentam o mesmo número de sílabas tanto no nominativo quando no genitivo singular:

NOM.   -   GENIT.
auris,         auris
volucris,    volucris
nubis,        nubis  

Palavras imparissílabas - são aquelas que apresentam menos sílabas no nominativo e mais sílabas no genitivo:

NOM.   -   GENIT.
dux,           ducis
homo,        hominis
urbs,          urbis
nox,           noctium

Retirando-se a desinência do genitivo plural (-is), temos nomes que terminam em uma ou duas consoantes

Aur      -is                 volucr, -is
nub      -is                 urb,      -is
duc      -is                 noct,    -is
homin -is

Os nomes imparissílabos possuem o genitivo plural em -um:
Hominum, Ducum

Os nomes parissílabos possuem o genitivo plural em -ium
aurium, volucrium, nubium,

3ª - Os nomes imparissílabos que, retirado a terminação do genitivo singular, terminam com duas consoantes possuem o genitivo plural em -ium:
urbium, noctium.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Curso de Literatura - Parte 6 - Arcadismo

O Arcadismo surge no Brasil com a publicação de Obras Poéticas (1768) de Claudio Manuel da Costa.

O Arcadismo foi um movimento literário cujo objetivo era retomar a cultura greco-latina. O Arcadismo surge em um contexto de ruptura de paradigmas do período medieval que ainda insistiam em se fazer presente no século XVIII, mas que foram definitivamente superados com a eclosão do Revolução Francesa. 

O homem ocidental do século XVIII é produto do Iluminismo que acreditava que o progresso é resultado da busca da verdade fornecida pela razão (oposta a fé). O Iluminismo é resultado de acontecimentos culturais e históricos dos séculos XV e XVI, podemos destacar o Renascimento, que não foi um movimento homogêneo; a Revolução Comercial que propiciou o enriquecimento da burguesia, a Reforma Protestante, as Formações dos Estados Nacionais e o Absolutismo. Concretamente, podemos dizer que o resultado mais efetivo do Iluminismo foi a Independência das 13 Colônias.

O Arcadismo se aplica ao Iluminismo pelo resgate dos valores da cultura clássica, pela crítica as gastos faustosos da nobreza, que no Arcadismo foi expressada pela exaltação da vida humilde e rural, o racionalismo e a contenção em oposição a fé e a linguagem simples e direta contrapondo-se a linguagem rebuscada e cultista do Barroco.



    
O nome Arcadismo deriva do nome de uma região da Grécia chamada Arcádia que, segundo a mitologia, era dominada pelo deus Pan e cujos moradores eram pastores que viviam a fazer disputas poéticas a celebrar o amor e o prazer.

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, 
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros 
Pelo traje da Corte, rico e fino.  

Aqui estou entre Almendro, entre Corino, 
Os meus fiéis, meus doces companheiros, 
Vendo correr os míseros vaqueiros 
Atrás de seu cansado desatino.        

Se o bem desta choupana pode tanto, 
Que chega a ter mais preço, e mais valia
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, 

Aqui descanse a louca fantasia, 
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.

No Poema LXII de Claudio Manuel da Costa, percebe-se a idealização da vida campestre, o eu-lírico abandona o viver na cidade, sinônimo de riqueza e luxo, para viver uma vida plena de alegria e tranquilidade, apesar da aparente pobreza. Observe também que o soneto apresenta linguagem simples e direta, bem diferente do Barroco.

XIV

Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!

A vontade de abandonar a vida na cidade ainda não possível ao eu-lirico do soneto acima. O Fugere urbem um dos principais conceitos do Arcadismo, foi inspirado no poeta romano Horácio na antiguidade, e posteriormente foi um tema defendido por Rousseau por meio do bom selvagem.

Se não tivermos lãs e peles finas,
podem mui bem cobrir as carnes nossas
as peles dos cordeiros mal curtidas,
e os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
por mãos de amor, por minhas mãos cosido

A defesa de uma vida frugal, materialmente pobre mas feliz é um conceito do arcadismo chamado aureas mediocritas. O eu-lírico abandona a vida rica, luxuosa e infeliz na cidade por uma pobre, frugal e feliz.

XVIII

Aquela cinta azul, que o céu estende
A nossa mão esquerda, aquele grito,
Com que está toda a noite o corvo aflito
Dizendo um não sei quê, que não se entende;

Levantar me de um sonho, quando atende 
O meu ouvido um mísero conflito, 
A tempo, que o voraz lobo maldito 
A minha ovelha mais mimosa ofende;

Encontrar a dormir tão preguiçoso 
Melampo, o meu fiel, que na manada 
Sempre desperto está, sempre ansioso;

Ah! queira Deus, que minta a sorte irada: 
Mas de tão triste agouro cuidadoso 
Só me lembro de Nise, e de mais nada.

A proposta heterodoxa do Arcadismo, devido até mesmo ao racionalismo, é que o amor, ao ser cantado pelo eu-lírico, seja contido, sem grandes arroubos. Assim Vemos em Claudio Manuel da Costa um amor distanciado e o objeto amoroso (Nise) distante e sem muita participação. Ela é apenas citada em seus poemas.

Ah! não, minha Marília,
aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças, 
e ao semblante a graça.

O conceito do Carpe Diem está presente tanto no Barroco, quando no Arcadismo. Neste o Carpe Diem é uma proposta hedonista, sem qualquer tipo de preocupação moral ou de fé, já naquele, o Carpe Diem se vê envolvida também com a questão da fé, da moral, do julgamento, do inferno etc.

No Brasil, o Arcadismo tem ínicio com a publicação de Obras Poéticas (1768) de Claudio Manuel da Costa. O centro irradiador dos principais poetas do Arcadismo foi Vila Rica, atual Ouro Preto. O Arcadismo se confunde com a historia do Brasil por seus dois principais poetas também terem sido integrantes da Inconfidência Mineira. O movimento também se aproveitou do desenvolvimento econômico propiciada pela extração do ouro.

O Arcadismo adquiriu cor local ao chegar aqui: a natureza é mais "bruta e selvagem" comparada à natureza européia e,principalmente, o índio (em Uruguai, de Basílio da Gama  e Caramuru, de Santa Rita Durão) obtêm status de maior importância. No Romantismo, o índio passa a ter importância ainda maior.

Claudio Manuel da Costa (1729 - 1789) foi quem melhor expressou o Arcadismo brasileiro aos padrões europeus. Seu codinome barroco era Glauceste, um pastor que vivia a lamentar o amor não correspondido de Nise. O lírismo dele é condido e formal como dito anteriormente. Vejamos um exemplo de sua poesia:

Quando cheios de gosto, e de alegria
Estes campos diviso florescentes,
Então me vêm as lágrimas ardentes
Com mais ânsia, mais dor, mais agonia.

Aquele mesmo objeto, que desvia
Do humano peito as mágoas inclementes,
Esse mesmo em imagens diferentes
Toda a minha tristeza desafia.

Se das flores a bela contextura
Esmalta o campo na melhor fragrância,
Para dar uma idéia da ventura;

Como, ó Céus, para os ver terei constância,
Se cada flor me lembra a formosura
Da bela causadora de minha ânsia?

Tomás Antonio Gonzaga (1744 - 1810), conhecido pelo nome árcade Dirceu, é quem melhor expressa nosso Arcadismo, principalmente pelos poemas líricos Marília de Dirceu, que inclusive foi explorada na literatura de Cordel. O lirismo de Gonzaga é menos convencional e mais espontâneo, apontou em sua poesia traços autobiográficos e sua musa, Marília, foi baseada em uma pessoa real, Maria Dorotéia Seixas, com quem o poeta pretendia se casar, mas que não foi possível devido seu envolvimento com a Inconfidência e as consequentes condenações de prisão e de degredo para Moçambique. Leia um dos textos mais explorados de Gonzaga, em que ele dá pistas de sua prisão e do confisco de seus bens:

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

Para ter que te dar, é que eu queria
De mor rebanho ainda ser o dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo
Além de um puro amor, de um são desejo.

Se o rio levantado me causava,
Levando a sementeira, prejuízo,
Eu alegre ficava apenas via
Na tua breve boca um ar de riso.
Tudo agora perdi; nem tenho o gosto
De ver-te aos menos compassivo o rosto.

..............................................

Ah! minha Bela, se a Fortuna volta,
Se o bem, que já perdi, alcanço, e provo;
Por essas brancas mãos, por essas faces
Te juro renascer um homem novo;
Romper a nuvem, que os meus olhos cerra,
Amar no Céu a Jove, e a ti na terra!

..............................................

Se não tivermos lãs, e peles finas,
Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos de amor, por minhas mão cosido.

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Nas noites de serão nos sentaremos
C’os filhos, se os tivermos, à fogueira;
Entre as falsas histórias, que contares,
Lhes contarás a minha verdadeira.
Pasmados te ouvirão; eu entretanto
Ainda o rosto banharei de pranto.

Quando passarmos juntos pela rua,
Nos mostrarão c’o dedo os mais Pastores;
Dizendo uns para os outros: “Olha os nosso
“Exemplos da desgraça, e são amores”.
Contentes viveremos desta sorte,
Até que chegue a um dos dois a morte.

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