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sábado, 5 de agosto de 2017

Curso de Literatura - Parte 8 - Parnasianismo

O Parnasianismo foi um movimento literário cujo objetivo era contrapor-se aos valores do Romantismo (a simplicidade vocabular e linguístico, a valorização do nacional e do sentimentalismo exagerado).

O Parnasianismo foi um movimento que apenas produziu poesia. Alguns pesquisadores pedagogicamente afirmam que o Parnasianismo e a face poética do Realismo, mas isso não é verdade. Enquanto O Realismo defendia uma análise da sociedade, o Parnasianismo foi um movimento que procurou afastar-se o mais possível de qualquer tipo de análise social ou individual para que esta não afetasse de modo algum a arte poética. Por esse motivo, podemos dizer que o Parnasianismo foi um movimento conservador no sentido de considerar a arte superior a qualquer tipo de engajamento social.

Por sua oposição a alguns valores do Romantismo, podemos dizer que o Parnasianismo se filia a valores clássicos. Seus são temas universais e facilmente identificáveis: a natureza, o tempo, o amor (condito e não exagerado), a própria arte e a poesia.

Os parnasianos procuraram criar uma obra centrada somente na arte: o caminho era a Arte e o objetivo era a Arte, em outras palavras, o Parnasianismo era centrada em si mesmo. Era a arte pela arte. Isso fez com que o parnasianismo produzisse obras que apresentassem rigidez formal, como por exemplo estrofes com dez (decassílabos) ou doze sílabas poéticas (alexandrinos).A estrutura poética preferida foi o soneto ( estrutura composta por quatorze versos agrupados em  dois quartetos e dois terceto). O tipo de rima mais buscadas foram as rimas ricas cujas palavras rimadas pertencem a classes gramaticais diferentes. Algumas poemas apresentam também rimas pobres (palavras rimadas pertencentes a mesma classe gramatical). E finalmente, outro tipo de rima buscada foram as rimas raras (nesse tipo de rima, as palavras possuem terminações incomuns, geralmente criadas com palavras pertencentes ao vocabulário greco-latino).

Tudo isso que foi dito acima fez com que o Parnasianismo fosse objeto de critica, principalmente do movimento posterior ao Parnasianismo, o Modernismo. Oswald de Andrade criticou o poeta parnasiano classificando-o como uma máquina de fazer versos, Manuel Bandeira também criticou o movimento em seu poema Os Sapos e Mário de Andrade dizia (em Pauliceia Desvairada) que o poema deveria surgir de uma impulsão lírica.

A seguir, apresentamos a Chamada Tríade Parnasiana que é os principais nomes do Parnasianismo. A sequência apresentada, conforme pode ser vista pelas leituras dos poemas, é dos autores mais ortodoxos para aqueles que procuraram de certa forma ampliar um pouco mais os temas poetizados. A escolha das obras foram a partir das mais representativas de cada poeta.


ALBERTO DE OLIVEIRA (1855 - 1937)
Foi o poeta mais ortodoxo do Parnasianismo. Dentre as principais características, podemos destacar sua rigidez formal, sua limitação temática (cantou temas como muros e vasos) e sua excepcional capacidade descritiva.  

Vaso Grego
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa*, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreon te fosse.

RAIMUNDO CORREIA
Destacou-se principalmente pela melancolia e pessimismo de sua poética com características filosóficas, como as duas abaixo:

As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

OLAVO BILAC
Considerado o príncipe dos poetas. Apesar de ter criado Profissão de fé, uma espécie de poema-manifesto do parnasianismo, foi o mais livre dos poetas desse movimento literário. Olavo Bilac percorreu diversos tema, podemos destacar alguns deles: a primeira e mais evidente é a busca pela perfeição formal,  é também o parnasiano que mais se aproximou de temas do Romantismo, como por exemplo, o nacionalismo, o sensualismo e o sentimentalismo.

Profissão de Fé
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

Via Lactea (xviii)
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.


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