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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Huberto Rohden - A educação do homem integral

O catarinense Huberto Rohden foi um professor, conferencista e escritor. Formou-se em Filosofia, Ciências e Teologia em universidades européias. Escreveu mais de 65 livros. Bolsista da Universidade de Princeton durante os anos de  1945-46, concebeu as bases da Filosofia Univérsica, cujo escopo é a afinidade entre a Matemática, Metafísica e Mística com a vida humana e a constituição do Universo. Em 1946, foi professor da American University durante cinco anos nas disciplinas de Filosofia Universal e Religiões Comparadas. Em 1952, fundou na capital paulista a Instituição Cultural e Beneficente Alvorada onde oferecia cursos de Filosofia Universica e Filosofia do Evangelho. Faleceu em 1981 aos 87 anos. Costumava afirmar que havia vindo ao mundo para servir a Humanidade. Toda obra de Huberto Rohden é publicada pela Editora Martin Claret.

A Educação do homem integral  é um dos livros escritos por Huberton Rohden em que o autor procura apresentar a funçaõ do educador segundo os princípios da Filosofia Univérsica, criada por ele. O autor adverte que o livro não é um manual, ou seja, não se encontrará nesse livro métodos ou orientações para se aplicar em sala de aula. Fiel a sua própria filosofia, Rodhen apenas aponta o caminho a seguir.

Ele aponta dois tipos de educação cujos responsáveis são diferentes. A primeira é a auto-educação é compete ao indivíduo alcançá-la, a segunda é a alo-educação (instrução) e é competência dos poderes públicos. Uma pedagogia eficiente estaria baseada em uma filosofia de auto-educação ou auto-realização. Tendo em mente essa distinção, conseguimos compreender porquê a "educação" brasileira não avança para níveis satisfatórios de qualidade.

Huberto Rohden considera que o problema paradoxal da educação é que "nínguem pode educar alguém, mas alguém pode educar-se a si mesmo" pois que a educação é intransitiva, reflexiva e subjetiva. Um professor auto-educado ou auto-realizado deve apontar o caminho para que o aluno posso se auto-educar, no entanto, não existe garantia que o aluno siga o caminho apontado pelo professor. PODE SER que o ser central do educador (sua alma já educada) possa potencializar o seu dizer periférico (ver imagem) que não pode ser nenhum tipo de proselitismo filosófico, ideológico ou religioso, convém dizer. Em resumo, um professor auto-educado pode de alguma maneira ajudar na alo-educação. 

Já podemos demonstrar as diferenças entre educação e instrução, A primeira trata de valores, a segunda trata de fatos (ciência). Pode haver (i) educação com instrução, (ii) educação sem instrução, (iii) instrução sem educação ou (iv) nem educação nem instrução. O poder público cumpre competentemente essa última quando afirma que a instrução não é tão importante (ver o modo como o ensino de gramática é tratado pelos documentos oficiais) e quando pretende tornar a humanidade melhor. O ensino público deveria focar na instrução e deixar a educação para outras instituições da sociedade, como as famílias, os grupos religiosos ou filosóficos etc.

A instrução capacita o homem a utilizar corretamente as ferramentas para sua vida profissional e social. Já a educação consiste em despertar e desenvolver os valores da natureza humana que existem de forma embrionária no homem. A afirmação de que abrir uma escola é fechar uma cadeia é um equívoco pois que os maiores malfeitores da humanidade eram geralmente homens instruídos. Logo a "educação" pública está fadada ao fracasso, pois como é possível desenvolver valores no educando se os professores não são auto-educados (se considerarmos como auto-educados ou auto-realizados somente os luminares da humanidade: Moíses, Jesus, Buda, Krishna, Ghandi, Madre Tereza, Chico Xavier, São Francisco, Lao Tse etc). Por isso, os professores só seriam educadores e poderiam eduzir valores de seu alunos se eles, os professores, já houvessem desenvolvido em si mesmos esses valores. O mundo dos fatos não conduz o estudante ao mundo dos valores. Os governos criam ministérios da Educação, mas, na verdade, deveriam ser chamados de ministérios da instrução.

Deve o educador castigar?
A princípio, espera-se que o leitor já tenha compreendido a diferença entre educação e instrução. Os professores são em sua imensa maioria instrutores, e uma parcela muito pequena, educadores. No entanto, mesmo não sendo papel da escola e dos profissionais educarem, espera-se que sejam minimamente educados e quando necessário, imponham castigos que não é sinônimo de violência ou brutalidade, vale dizer.. (Infelizmente a instituição escolar, há muito tempo, já não consegue nem mesmo instruir com a mínima competência, que dizer de educar (a instrução virou, dentro das escolas, uma atividade solitária ou individual)).

Segundo alguns pedagogos e psicólogos o castigo impõe traumas e complexos, segundo eles, somente a total liberdade torna o homem harmonioso (Rousseau).  As experiências da vida real mostram que essa teoria é idealista, deletéria e contraproducente. Cem por cento de liberdade é igual a cem por cento de insegurança. Um educando não será um traumatizado ou complexado na vida adulta quando percebe a racionalidade de uma proibição.

Infelizmente a escola e os trabalhadores viraram vítimas de toda sorte de teoria educacional porque estão submetidos às imaginações de psicólogos da educação e às legislações educacionais. Se os cientistas fazem suas experiencias em laboratórios, os teóricos da educação testam suas teorias com vidas humanas. Infelizmente, essas experiências duram mais de vinte anos quando postas em prática.

Tentei aqui mostrar qual a diferença apontada por Huberto Rohden entre educação e instrução e como muda nossa concepção sobre o papel da escola, dos professores e dos profissionais da "educação" pública quando nós nos convencemos sobre essa diferença. Uma mudança total de paradigma. Muito mais o autor falou no livro A educação do homem integral mas meu objetivo foi somente apontar a diferença entre educação e instrução. Mais o leitor poderá obter se ler a obra.

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