Pesquisar este blog

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Curso de Literatura - Parte 9 - Concretismo

Movimento poético contemporâneo que expressa e critica ao mesmo tempo a propaganda e o consumismo dos nossos dias. Foi um movimento que conseguiu aliar de um lado a linguagem verbal e de outro a não-verbal.

O Concretismo surge durante o período que antecede o regime militar brasileiro: o Governo de Juscelino Kubitschek (1956 - 1960) que tem como principal característica a fundação de Brasilia e também o início de surgimento do nosso parque industrial automobilístico. Juscelino queria implantar uma política desenvolvimentista prometendo avançar economicamente cinquenta anos em apenas cinco. Logicamente isso não deu certo e aumentou enormemente nossa dívida externa, deixando para seu sucessor, Jânio Quadros, resolver o rompimento com o FMI.

O Brasil vive seu momento cultural mais importante durante a segunda metade do século XX com o surgimento de tendências musicais que até os nossos dias, mais de 60 anos depois, ainda influência nossa música popular: o surgimento da Bossa Nova e do Tropicalismo. Nomes da Bossa Nova que até hoje ainda é referência: Tom Jobim, o poeta (que futuramente será estudado) Vinícius de Moraes, Baden Powell, entre outros. Já no Tropicalismo temos nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes. Os festivais de músicas da Record também é algo muito característico daquele período.

O Concretismo foi um movimento que procurou unir diversas linguagens em uma só. Confundem-se desse modo artes plásticas, publicidade e poesia em uma estrutura híbrida. De alguma forma, o Concretismo é uma poética urbana porque os poemas fazem referência aos anúncios publicitários, aos outdoors e ao neon. O poeta quebra com a estrutura ortodoxa do verso, linguagens não verbais unem-se as verbais.


A união da poesia e da propaganda por meio da fonte que lembra anúncio outdoor leva o leitor a refletir sobre o consumismo tão marcante na geração contemporânea. O leitor pode fazer uma leitura linear, tradicional: quis mudar tudo mudei tudo agorapóstudo extudo mudo, ou então fazer uma leitura liberta, sugerindo muitas interpretações: mudar mudei agorapóstudo mudo, a última palavra, mudo, pode tanto sugerir o verbo mudar como o substantivo mudo, como se o eu lírico considerasse a possibilidade de ficar calado, após um momento de reflexão, agorapóstudo. Também é possível a seguinte leitura: quis tudo tudo tudo agorapóstudo extudo, sugerindo que após a aquisição dos objetos de desejos, o eu-lírico percebesse a nulidade de tudo.

mar azul
mar azul    marco azul
mar azul    marco azul    barco azul
mar azul    marco azul    barco azul    arco azul
mar azul    marco azul    barco azul    arco azul    ar azul

A poesia de Ferreira Gullar, mar azul, brinca com a palavras construindo e desconstruindo-as. A  repetição do vocábulo azul, faz com que os objetos se confundam entre si, da mesma forma como acontece com o expectador á beira da praia percebendo como os objetos se confundem na paisagem a medida em que se afastam no horizonte.

O poeta brinca com a figura da pirâmide e a palavra amor. O triângulo isósceles apresenta uma base maior e duas laterais menores. A base maior dá sustentação ao triângulo para que todo o sistema não se abale. Em sua base, o autor apresenta duas palavras, amor e temor, no começo do amor romântico, os pares sentem esses dois sentimentos concomitantemente, mas a medida que o sentimento fica mais seguro, o temor vai desaparecendo e no topo aparece a palavra amor. Além disso, interessante observar duas coisas: a primeira; durante a transição do amor-temor para amor, aparece a palavra morte.  Segundo; o triângulo é uma das formas geométricas mais resistentes, servindo em muitos casos como objeto de reforço para muitas construções. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As doze virtudes do bom professor segundo São João Batista de la Salle 1. A Seriedade

As doze virtudes do bom professor de acordo com São João Batista De La Salle Explanação do Irmão Agatón, Superior Geral, F.S.C. 178...